sábado, 13 de setembro de 2014

O caso João Donati e a hipocrisia política e social

Essa semana virou notícia a morte de João Donati. Entre o público homossexual e favorável aos direitos humanos a sua morte ganhou repercussão devidas circunstâncias de seu assassinato ter claramente como motivação a sua homossexualidade. A militância acusou em redes sociais todos aqueles adeptos do discursos de ódio e que procura relativizar, minimizar ou até mesmo negar a existência da homofobia, pelo contrário, afirmar existir uma busca de privilégios por parte dos homossexuais.


 
Os dias passaram e as informações antes noticiadas foram retificadas, sendo assim inverdade que houve bilhete com mensagem de ódio na boca de João ou que as suas pernas foram quebradas. Por fim, na sexta-feira a Polícia Civil de Goiás chegou ao acusado do crime, um rapaz de 20 anos, trabalhador braçal em uma fazenda de tomates da zona rural de Inhumas, cidade na qual João morava e foi morto. Andrié Maicon Ferreira da Silva afirmou ter estrangulado o garoto devido um desentendimento ocorrido entre os dois após transarem e negou ser homossexual.
 
Para os homofóbicos de plantão foi o mote para se esquivar das acusações de incentivo a discriminação e violência. Ainda por cima foi mote também para afirmar que as mortes causadas aos homossexuais partem dos próprios homossexuais. Sendo assim muitas pessoas acataram essa hipótese, mesmo os homossexuais. Porém está errado! João Donati desde as primeiras informações até as que se tem até então continua sendo uma vítima da homofobia, que alguns insistem em relativizar, dizer que não mata e ou que não existe.
 
Um homem que de livre iniciativa e vontade faz sexo com uma pessoa do mesmo e que nega ser homossexual para a sociedade é claramente um homofóbico. Some-se a isso o fato de Andrié ser um trabalhador braçal em uma fazenda, o que pressupõe um grau de instrução mais baixo. Ou seja, é uma mistura que todos já conhecimentos, desconhecimento e negação sobre a sexualidade, resultado de uma sociedade preconceituosa e na qual instituições, entre elas a Escola, são impedidas ou simplesmente não tratam porque o discurso reacionário entende isso como algo prejudicial.
 
É hipócrita a sociedade pensar que João Donati não seja uma vítima da homofobia, dada as essas circunstâncias. Porém, hipocrisia em hora alguma maior do que a do Governo Federal, que propõe federalizar o crime. É verdade existir um conservadorismo da Polícia Civil de Goiás, justo ela que tem em seu quadro talvez a primeira delega transexual do Brasil, ao negar que a hipótese de homofobia está portanto descartada havendo quiçá uma investigação mais profunda e moralmente isenta por parte da Polícia Federal.
 
No entanto, quando a atual ministra de direitos humanos, Ideli Salvati, vem a público fazer tal proposta, federalizar a investigação do crime,  é visível o desespero da campanha eleitoral de Dilma. Digo isso porque durante os seus quase quatro anos de governo, ela retrocedeu em medidas favoráveis aos direitos civis e às políticas públicas para homossexuais. Agora, diante da apatia do voto desse público, tenta ganhar dele a simpatia, se diferenciar de sua maior ameaça, Marina Silva, e ganhar mais votos. Contudo, neste aspecto, LGBT, Marina Silva é tão igual e desprezível quanto Dilma e sua equipe de governo.
 
Portanto, o interesse altruísta em resolver o crime que matou João Donati e que irá matar e violentar de diversas outras maneiras outros homossexuais pelo Brasil, é tão verdadeiro quanto de nada homofóbico tem as motivações de seu crime.
 
 
 

Um comentário:

  1. pois é, a culpa é sempre da vítima né? se ele não tivesse ali não teria sido morto. porque a culpa é da vitima, sempre não é?

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